24.9.07

A Corrente da amizade

Esta corrente pode ser vista neste sítio:blogdalista.blogspot.com
Obrigada a todos!
jinhos
Ana Maria Costa

23.9.07

Este blog está no AXN


Amigos!

Este blog e o blog: http://blogdalista.blogspot.com; nesta data, foram filmados pela equipa do estúdio "Take 5". As filmagens com a minha entrevista sobre a utilidade dos blogs, irá para o ar a meados de Outubro, no canal AXN.

Nessa altura, aceitarei textos para publicar neste blog, de amigos e leitores queridos, é a minha prenda por todos os sorrisos que fizeram nascer, neste rosto que dizem ser de POETISA.


Ana Maria Soares da Costa mais conhecida por Ana Maria Costa

19.9.07

Um evento a não perder na cidade do Porto



A edium editores e o autor, Xavier Zarco, convidam V.Ex.a a estar presente no lançamento, no Porto, do livro de poesia: Variações sobre tema de Vítor Matos e Sá: Invenção de Eros, que foi distinguido com o Prémio de Poesia Vítor Matos e Sá - 2007, certame organizado pelo Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em sessão a realizar no sábado, dia 29 de Setembro de 2007, pelas 15h30, no Auditório do Clube Literário do Porto (Rua Nova da Alfândega, 22). A apresentação da obra será feita pela poetisa Ana Maria Costa e pelo poeta Luís Monteiro da Cunha. Integrado neste evento haverá um espectáculo de dramatização, bailado e música.
Amigos vai ser lindo! Apareçam para bater palmas e conhecerem o autor e outros participantes incluindo-me.
trabalhamos em equipa para vos chamar ao evento, não falhem este belo momento!
A vossa amiga Ana Maria Costa

13.9.07

Pensamentos do momentos III

gravura

I

Sons da natureza

O murmúrio
do rio pincha
nas pedras.

II

Incolor

No orvalho
a cor alarga-se
na água.

Ana Mª Costa

Et (texto não corrígido)

Quadro
Escrevo em forma de confissão porque não consigo carregar mais isto no meu peito...
O previsível aconteceu ainda no ano decorrente de 2007, antes de ter comprado a minha casa. Disse o destino que eles tinham que morrer , até o ET, o meu gato companheiro de sete anos. Tratava-o como um filho, um amigo, ao mesmo tempo considerava-o um conforto pelos mimos que dávamos um ou outro. Mas ele também tinha que morrer como os outros mais que viviam connosco na casa que moravamos.
Como haviam de se adaptar ao novo espaço? E como iam sobreviver àquela estrada que atravessa a Travessa que separa as duas casas? Eles iam morrer na mesma ao atravessarem a rua, depois alguém bateria à porta que nós abríamos encarando a notícia. E como velório consideraríamos levando um saco plástico do “Continente” para recolhermos as vísceras frescas e quentes dos asfalto e do paralelo com as mãos. Os homens do carro do lixo que passa à noite seriam os cangalheiros que apanhavam o bicho defunto.

As duas casa erguidas ficavam a escassos metros uma da outra no meio estava a rua ou a Travessa melhor dizendo.
Na Travessa movimentada de pessoas que passam nos seus carros e não respeitam os bichos, e em alguns casos nem os velhos ou as crianças. São os vizinhos que moram no início da Travessa, as duas casas são quase do final, antes de uma grande curva apertada e estreita.
Por isso os gatos talvez morressem antes de eu mudar de casa e nada podia fazer para evitar que fossem atropelados. Assim foi, um atrás do outro, morreram todos menos o ET, o meu gato. O Et era um macho branco que só tinha um olhinho e não tinha rabo. Surgiu-nos no dia do casamento do meu primo Tone que vive em Guimarães; chovia muito quando chegamos a casa nessa noite, estacionamos e ao sair do carro num som muito aflitivo ouvi o miar do gato. Ficaria ali à chuva se os meus ouvidos não estivessem apurados para este género de pedido de socorro, já não era a primeira vez.
Ele apercebeu-se da nossa atenção acabando por se mostrar a nós todo molhado e barulhento. Peguei-o ao colo, cobri-o com o casaco que trazia por cima do vestido de cerimónia e imediatamente o contacto com o seu pêlo molhado e o seu ronrom me conquistaram. Já mais calmo pudemos analisá-lo era ainda um pequeno gato a precisar de mãe e leitinho quente, estava a tremer de frio e tinha um olho doente, o outro de cor azul.
Quisera a sorte termos na altura uma gata siamesa com uma ninhada estavam alojados na lavandaria que fica ao fundo das escadas. A gata era vadia mas meiga e muito doce e passado um bocado depois de o ter cheirado e lambido o pêlo deixou o Et mamar. Ficamos a vê-los a todos a mamar e a mãe estendida contente fazia ronrom, como era bonito a relação dos animais entre si…. Depois, fechamos a porta e fomos dormir emocionados mas felizes.
Já tínhamos uns poucos gatos mas era mais, encolhemos os ombros e sorrimos.
O Et crescera com os dois olhinhos sãos não fosse a doença que muitos sofrem e ele tinha dois céus no rosto. Assim só tinha. No outro, o pus e a cor vermelha levou-o ao veterinário para ser visto e tratado. O médico disse-nos que ele tinha que operar e tirar o olho do Et,.O Et foi operado e, depois da operação, quando chegou a casa porque entretanto já dormia dentro de casa como toda a ninhada e mais gatos que à noite chegavam a horas da recolhida; dormiu no nosso quarto no nosso meio. No dia seguinte a mesma coisa e por aí fora começou a saber os nosso hábitos diurnos e nocturnos, estava tão humanizado que via a televisão com atenção, atento se um de nós se levantava ele seguia-o para onde fossemos. Por vezes, com ronron, outras vezes, silencioso. De amanhã ia para fora de casa fazer as necessidades no bocado de jardim que ficava ao lado da lavandaria e permanecia em cima do muro até o chamarmos para dentro. Um dia deixei-o cá fora porque não atendeu ao meu chamamento e eu estava atrasada para o trabalho. Mais tarde quando cheguei a casa do trabalho o Et não deu ao rabo como era habitual quando me via, estava triste e quieto. apanhei-o com cuidado mesmo assim gemeu , analisei-o, apalpando o corpo até chegar ao rabo e, pronto, vi que fora atropelado porque tinha o rabo partido. Lá foi o Et novamente para o veterinário ser operado desta vez ao rabo. Agora, tínhamos ficamos com um gato branco, um olho azul e sem rabo.
Os dias passavam e mais afeição ganhava ao gato, deixava-o ganhar terreno, comíamos os dois, ele no meu colo, quando saida de uma repartição da casa ele segui-me e miava parecendo que respondia quando lhe falava. Na rua ele parecia uma cabritinha aos pulinhos por causa da falta do rabo. Todos o achavam engraçado mas ninguém lhe ponha a mão, só nós.
Nas noites em que ele se tornava muito chato, buscando festas e mais festas não se apercebendo do nosso cansaço, ponhamo-lo fora do quarto e fechávamos a porta mas por pouco tempo, porque ele miava incansavelmente até lhe abrirmos novamente a porta, como recompensa emitia um ronron ainda maior e mais alto.
O Et não fazia peripécias nem era um gato especial para o circo mas era o gato que me consolava quando estava triste, lembro-me, que naquele tempo, eu era uma mulher muito triste, ele abraçava-me com as patinhas e dava-me tantas turras na minha cara que inevitavelmente me proporcionava momentos felizes, por isso, o considerava o meu melhor amigo.
Com a idade apareceram as doenças mas antes, foi novamente atropelado, desta vez pelo meu marido que ao fazer marcha atrás na carrinha de trabalho passou com a roda por cima dele. Ele não morreu nem teve nada aparentemente mas digo que foi naquele dia que vi um gato a chorar sangue. Escusado dizer que chorei tal qual o faz uma criança.
Os anos foram passando e o Et connosco.
O Et foi o que sobreviveu à mudança para a nova casa depois de um grande período de adaptação entre cães e gatos, o paraíso parecia estar à vista.

No princípio trazia-o no meu colo para não se assustar dos carros ou ser atropelado se viesse no meio da rua até se habituar a andar ao meu lado junto ao muro e com os cães não houve problema porque o aceitaram muito bem para nosso espanto porque foram criando separadamente um dos outros.


Tudo continuaria bem e o Et não precisava de morrer até ao dia em que alguém predestinou que ele não podia entrar na casa nova porque sujava tudo com urina mal cheirosa devido ao problema de rins que lhe apareceu fazia pouco tempo. Não entrando dentro de casa não podia comer no meu colo, nem dormir comigo, nem tomar banho, nem me escutar ou abraçar nas noites mais frias como fazíamos antes. foi depois dessa ordem que o Et teve que morrer nesse ano decorrente.
Ana Mª Costa
11.09.2007

PENSAMENTOS DO MOMENTO*Ana Mª Costa / Maria José Limeira)

pintura


I
Para mim,
o céu é mais pequeno
do que para a formiga.
(Ana Mª Costa)

I
Quando o sentimento
é pequeno,
o coração não cresce
nunca!
(Maria José Limeira)
............

II
Quando as palavras
já não conseguem magoar mais,
vem o silêncio ferrar-nos.
(Ana Mª Costa)

II
É melhor o silêncio
compassivo
do que o grito mudo,
insistente,
renitente
ou agudo...
(Maria José Limeira)
............

III
Fui buscar uma árvore
para a minha beira
desenhei-lhe o teu nome
na sua ramagem.
(Ana Mª Costa)

III
Toda criança desenha
em tronco de árvore
um coração atravessado
pela flecha,
como se fosse o martírio
de São Sebastião.
(Maria José Limeira)
............

IV
Nos dias em que escolho chorar
escondo as horas nos livros,
os passos nas prateleiras
as janelas no rosto
depois contemplo o líquido escorrer feliz.
(Ana Mª Costa)

IV
Escondi folhas secas
entre páginas de livros.
Virei personagem:
vítima
e/ou
heroína.
(Maria José Limeira)
............

V
A vida dá a oportunidade de a descobrirmos
pouco o fazemos…
e nesses poucos morremos.
(Ana Mª Costa)

V
Tão pouco que descobrimos.
Tão menos que nos fazemos.
Tanta luta.
Tão pouca vida.
E por menos do que isto
morremos...
(Maria José Limeira)

9.9.07

Sob a epígrafe de José Dias Egipto

pintura

"A casa é sempre o lugar certo da peleja"
de José Dias Egipto, in – " A Casa "

É em casa que guardo todas as minhas pedras
dentro dos livros de oração.

Ana Maria Costa

José Dias Egipto


Outra vez a casa…


Outra vez a casa…
O tumulo inconfesso
da nossa vida a sós;
o regresso sempre imaginado
ao lado mais uterino de nós…

Outra vez o quarto, a sala,
o cheiro das roupas penduradas,
os lugares da alegria e do pranto;
fragrâncias de momentos do tempo,
carne nossa, partilhada, que jaz em cada canto…

De novo os livros que forram as paredes,
nossos íntimos horizontes,
uma outra pele lisa, amarelecida e calva;
aconchego e luxúria do espírito,
rede, tantas vezes, que nos prende e que nos salva…

Tirem-me tudo da vida que eu aguento!
Mas deixem-me ouvir os sons da casa,
a música e as vozes do meu jardim partilhado.
Porque sem esse unguento de luz e de gente
ficarei cego e gélido mesmo no calor da maior brasa!...

José Dias Egpto

3.9.07

Pensamentos do momento II

Pintura



I

Para mim,
o céu é mais pequeno
do que para a formiga.

II

Quando as palavras
já não conseguem magoar mais,
vem o silêncio ferrar-nos .

III

Fui buscar uma árvore
para a minha beira
desenhei-lhe o teu nome
na sua ramagem.

IV

Nos dias em que escolho chorar
escondo as horas nos livros,
os passos nas prateleiras
as janelas no rosto
depois contemplo o líquido escorrer feliz.

V

A vida dá a oportunidade de a descobrirmos
pouco o fazemos…
e nesses poucos morremos.

Ana Mª Costa

2.9.07

Bosco Sobreira

Quadro

Pude então dedicar-me ao idiota prazer de engolir e soltar fumaça. Enquanto fumava, assistia à rotina do hospital estender-se diante de meus sentidos. Vozes abafadas, murmúrios, gemidos, gritos, lamentação; gente apressada, expressões carregadas, densas, sombrias, e o cheiro, o cheiro do éter, das emanações dos corpos, das excreções humanas misturam-se ao cheiro característico da doença, penetra pelas narinas e lá permanece, grudado como uma ostra podre, refratário às águas, aos perfumes. O cheiro dura dias; depois de algum tempo não é mais o cheiro, é a memória do cheiro, o que dá na mesmíssima coisa.
Tudo isso sempre me incomodou. Desde os primeiros dias de faculdade. Como eram diferentes meus colegas! Enquanto metiam-se todos em plantões intermináveis, remexendo em tudo que era canto, dormindo sobre macas imundas, comendo sanduíches em meio a fezes e pus, eu procurava me esquivar o quanto fosse possível, cumprindo apenas o mínimo do mínimo exigido pelo currículo ordinário. Nunca me alvorocei na procura de estágios, nunca me meti na briga de foice por uma vaga em hospitais respeitáveis ou nos açougues humanos em que se transformaram algumas clínicas de periferia. Talvez, talvez não, certamente por isso pensei em me tornar sanitarista. À época, procurei dar um tom de grandiosidade a esse gesto, como se gesto de grandeza houvesse; magnânima renúncia, desmedido sacrifício, tudo em nome de minhas convicções políticas. Não queria servir à burguesia odiada; não me imaginava sujando as mãos em consultórios atapetados e bem-cheirosos, protegido da miséria do povo, a doença maior. Queria servir a meu povo, preparar-lhes o corpo e a alma para que sadios pudessem servir à causa revolucionária.
Um tio materno, quando soube de minha escolha e suas razões, não se conteve:
“Muito bem, Fulano! Vai tratar das lombrigas dessa cambada, engordá-los, pra depois enfiá-los como porcos cevados na revolução? Muito certo. Pelo menos morrem todos gozando da mais perfeita saúde…”
Não nego que me senti agredido. No momento, apenas sorri. Mas, verdade seja dita, por algum tempo a lembrança foi ganhando pele e quase vira mágoa. Tolice!
Brigas bestas, rancores tolos, mágoas à-toa, tudo por uma escolha que eu, sem que soubesse, fingia acreditar virtuosa.
O cigarro ia assim pela metade, e eu fiquei a conceber tolices:
Melhor seria que o estudo dos chamados sublimes valores humanos fosse excluído definitivamente da Ética, e que as virtudes, exiladas para sempre de seus ricos castelos e despojadas de suas pompas e privilégios, ficassem assim como vísceras abertas ao tempo e aos tapurus. Talvez a Ética, essa ética de paramentos e biscuits, nem devesse existir, por dispensável. Superfluidade de bacharéis e enfastiados. Pareceu-me, naquele momento, que as virtudes seriam melhor compreendidas à luz da Geometria Analítica, visto que, a meu parco juízo, tudo não passa de uma simples questão de ângulos de observação. Um ato, visto de um plano em dada angulação, é uma virtude; enviesando-se o plano, o mesmo ato passa a ser capitulado no rol dos mais ignominiosos defeitos. Não é assim? O mais elevado altruísmo pode esconder o mais desprezível egoísmo; um sujeito humílimo não é por vezes profundamente orgulhoso de sua humildade?
O cigarro terminou. Atirei a guimba fora, assustando dois calangos que se repastavam nas ramagens secas. Um deles perdeu-se dos companheiros e disparou em minha direção. A certa altura, estacou abruptamente e ficou me espiando. Mas logo se cansaria dessa monotonia e saiu balançando energicamente a cabeça. Calangueando. Lembrei-me da enfermeira-chefe.
No final do corredor, dois sujeitos da limpeza jogavam dama nos ladrilhos recém lustrados; tampinhas de garrafa e sementes eram pedras. Uma enfermeira gorda e bicuda ausentava-se do mundo, movendo graciosamente as agulhas do seu crochê. Um doente velho, seco e verde como um louva-a-deus, removia a terra do jardim. Nostalgia do sertão.
O relógio da Basílica disparou os sinos por dez vezes. Decidi ganhar a rua.

©Bosco Sobreira


Sónia Regina

Fígura


monólogo: “motocontínuo”



" - a minha falta de sentido é tão própria
eu diria mesmo que...irredutível
talvez vos dê uma dimensão do susto
a mim, inferniza os cabelos,
por isso escrevo
: o processo da escrita amortiza
e o poema, ah, o poema me embeleza
a alma, o corpo, a vida, a música,
tudo. Tudo brilha, é colorido, há frescor
o desfocado se acerta, nada perturba
[nem a imagem]
o eu - escritura de mim –
motocontínuo.”

Sónia regina
29.8.07


Carlos Luanda sob epígrafe de Sónia Regina




"a seiva borbulha a cada a corde"
de: Sonia Regina, in – "uma flor no outono"


Sons...
esses perdidos.
Escondem solidões com ruídos.
Desejos com gritos
E gritos com as seivas dos corpos,
Malditos!
Quero só o silêncio sem sentido.
Calado e quieto
Como uma nesga de céu
Embrulhado numa asa
em cima dum ramo dormindo.
Ouvem a escuridão que digo?
Não é preciso.
A solidão contenta-se com os acordes
de nenhum som ter conseguído.


Carlos Luanda

Minho actual tv