27.5.08

Filho Iara



Um dia que me acabe o papel para escrever Poesia

arranjo uma pedra e mais outra e outra. Pico nelas

causo barulho e ritmo num desenho.


E se não houver pedras, escrevo no chão

como se faz na praia, com o dedo fora do mar

depois da onda virar a página.
Com carinho para o filho da Iara minha irmã das águas.
Ana Maria Costa
26.05.2008

17.5.08

Antologia poética Amante das Leituras 2008


A edium tem o prazer de anunciar a edição da Antologia Poética 2008, Amante das Leituras, para o próximo dia 31 de Maio.Este ano, a Antologia contará com as participações dos seguintes autores:Alexandra Oliveira, Ana Maria Costa, Carlos Alberto Roldán (Argentina), Carlos Luanda, Denilson Neves (Brasil), Geraldes de Carvalho, Jorge Vicente, José-Augusto de Carvalho, José Dias Egipto, José Gil, Manuel C. Amor, Maria João Oliveira, Maria Rita Romão, Mónica Correia, Paulo Themudo, Samuel Gomes, Túlio Henrique Pereira (Brasil) e Vera Carvalho.

12.5.08

Apresentação do "Nascido Tarde" na FLUP

A Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto tem o prazer de convidar todos os alunos, professores e funcionários da FLUP para a apresentação do livro "Nascido Tarde" de Ana Maria Costa (aluna da FLUP)o no próximo dia 13 de Maio, pelas 15.30 horas no Anfiteatro Nobre.

O Livro será apresentado pelo artísta plástico e escritor Paulo Themudo.

A apresentação da autora será feita pela escritora Mónica Correia.

Entrada livre

Ana Maria Costa

6.5.08

Homenagem à Fiu


Epitáfio da Fiu


Neste momento, sei que te estou a magoar porque não gostas de coisas tristes mas a verdade é que não consigo deixar de pensar em ti. Um dia destes sem me dizeres que partias, senti nas partes intimas um lume já meu conhecido, um sinal que o meu corpo diz quando alguém que se encontra ligado ao meu coração, parte para longe.

Passei no consultório do médico curiosa e preocupada. Depois fiquei pior com a sua atitude quando disse que não precisava de fazer análises à minha temperatura ou tirar sangue ao coração. Mandou-me embora com o diagnóstico a explicar que a labareda que eu sentia eram as cruzes dos túmulos que forçavam a entrada no corpo, para se enterrarem no coração.

Saí do consultório mais pensativa e mais preocupada do que quando lá entrei. Questionei-me. O que vai ser de mim no futuro, se morre no mesmo dia mais do que uma pessoa de quem gosto? Será que nesse dia vou arder toda?


Esqueci-me de dizer ao Sr. Dr., que não era da especialidade de pediatria, que entretanto, o sinal passa de baixo para cima para onde está uma criança. Que sou eu. Estou por detrás dos olhos, faço-os accionar e do lume passo a sentir água. Se calhar talvez deveria consultar um sapador de bombeiros ou um oftalmologista?

Fiu

Tudo o que te digo pode parecer coisa exagerada ou um disparate e fingimento. Porque só nos vimos uma vez, lembras-te? Daquela vez que me mostras-te a tua infância e eu a ti a minha, a que estava nos meus olhos!
Gostamos tanto uma da outra e do que repartimos que quiseste ficar comigo para sempre e entraste no meu outro olho. De uma forma fácil como todas as crianças costumam dividir as suas coisas fizemos a nossa divisão, tiramos um olho para mim, outro para ti.

Nesse dia, chegamos à conclusão que víamos e chorávamos as mesmas coisas. Agora que decidiste partir, desço ao meu coração para junto do teu epitáfio, Num saquinho de veludo bordeaux levo o teu olho porque lá está escrito "Volta sempre! Traz o olho e flores". Atrapalhada acrescentei por baixo da tua frase, “Procurei as flores mas não as encontrei! Não achas isso um mistério?”



Ana Maria Costa
04.05.08

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