31.8.08

O logotipo das Produções Amante das Leituras


Amigos
Amante das Leituras inicia a sua actividade editorial com grandes expectativas servindo os autores com respeito e qualidade.
Espero por vós.
Ana Maria Costa

18.8.08

Cores

Pintura

Encosto o ouvido
no ar.
Ouço transparência.
Ana Maria Costa

17.8.08

Outros lados onde a poesia flui

Pintura de Rosina Wachtmeister


assim me aconteces
a poesia meu amor é uma velha tirana
pobre de nós que nos fixamos numa nuvem
à espera que o céu desate o nó do poema
e por um instante (ilusório)
até nos sentimos coroados de inspiração
puro engano
a poesia está em ti
que não és verso obrigatório
nem um colapso divino
digamos que és chão e paraíso
numa mesma pessoa
e a forma como te esfregas nas palavras
torna a tua pele num raro manuscrito.
quando me perguntas em carta fechada
se eu quero voz ou carne
respondo-te com uma inexplicável sede de absoluto
quero parcelas mínimas da tua carne macia
seremos
corpos fundidos
numa oficina de escrita.


Alberto Serra

A tímidez é um chamamento que os amigos conhecem!


(ou da loucura da poesia)

Estive doente

a poesia é essa doença sã
essa lúcida loucura
que salta dos abissais da alma
irrompe das entranhas do coração
e ganha corpo e vida e luz e imensidão
e se multiplica
no coração dos homens

Doente dos olhos,

a poesia é cega
infinitamente cega
uma enorme monumental estranha cegueira
a que ilumina
o mundo
a que dá olhos aos que não sentem
luz aos que não falam
voz aos que não ouvem
a que se oferece guia
aos deserdados os perdidos os descaminhados
pelo mundo

Doente da boca,

a palavra e a boca
a boca e a pedra
a pedra e o som
o som e o silêncio
o silêncio e a noite
a noite e o dia:
o dia-a-dia da poesia
em busca do poema que se esconde
no riso e no choro
no belo e no abjeto
no claro e no escuro
do mundo

Dos nervos até.

não há poema no vazio
não há poema sem sangue
não há poema sem nervos

Estou em repouso,

o repouso do poema
é uma miragem:

a poesia nunca se recolhe em paz
nunca se deixa pacificar

a poesia é a alma em ebulição
o coração aos berros

(como uma virgem à espera
do êxtase que nunca vem)

Não posso escrever.

a poesia dispensa as máquinas
a poesia prescinde da mão

pouco importa à poesia
a mão que grafa
a mente que opera

(pouco importa)

não importa
a escolha cerebrina de palavras
a escolha ditada
a escolha não-escolha

(a poesia escrita
- muitas vezes -
é uma traição
desavergonhada à poesia)

Eu quero um punhado
De estrelas maduras,

ah! a metáfora!
ah! essa divina loucura
(a mais pura a mais virginal a mais divina criação humana)
a
que nos leva ao escape da danação de ser
ser imperfeito
ser (eternamente) inconcluso
ser em eterno sendo

ah! a metáfora
a sacra mentira
o refúgio
do inferno da mentira
o abrigo
do desespero de existirmos num mundo
de falsas verdades
de falsas ilusões
de falsas invenções de ser

Eu quero a doçura do verbo viver.

a poesia nos devolve a exata dimensão do
que somos
e nos revela a inesgotável imensidão do
que podemos ser
(sendo)

©Bosco Sobreira

(Os versos, em verde, são De um louco anônimo - transcrito por Caco Barcelos na reportagem Crime e loucura, publicada na extinta Folha da Manhã, Porto Alegre, RS.).
Para ler o poema na íntegra, clique aqui.

14.8.08

Carlos Luanda

fotografia de Sílvia Antunes

Viver é viajar.

É a paisagem sempre a mudar.

E eu a mudar com ela.

Por vezes abro a janela.

e pego aqui e ali

Uma pétala,

Um beijo.

Um raio de sol

Um desejo...

Levo-os comigo.

E vou iluminando

Sempre que de vez em quando

a Paisagem

não é nada

de tudo aquilo

que vejo...

*
Carlos Luanda

Filipa Rodrigues


fotografia José Araújo

Sendo tu

Vivo dentro de mim com a idade que me deste

sou pedra e toque
gelo e água

vício terno
veneno suave
vaidade doce.


Calada a minha voz teima em obedecer-te

palavra e som
erva daninha
nota deslocada

e na noite perene, silêncio sem retorno.


Filipa Rodrigues

13.8.08

Júlio Fernandes


Fotografia de Helder Teixeira



ESPLENDOR


Hospeda Natureza:
Noite e seu negro manto.
Mansamente,
Sobem sustâncias interiores d’agente,
Murmúrios de toques,
Sons vibrados.

Incandescentes elevam-se letras,
Adormecem linhas suadas.
Pousio de palavras,
Silêncio!

Claridade de agitação ressoa,
Sobre o taciturno xaile,
Abrindo sexteto de sentidos.
Cultivo de palavras,
«Corpos»!

E no vórtice das letras subidas,
Ecos sussurram o Âmago!
Maravilhoso…


©FERNANDES, Júlio A. B. — Agosto 2008.

11.8.08

Declamação da minha poesia



Amigos



Durante esta semana na rádio Lidador da cidade da Maia nos horários: um minuto a faltar para as 19h e às 24h, o Diseur Júlio Couto está a declamar algumas das minhas poesias.

Podem ouvi-las directamente da rádio na frequência 94.30 ou podem aceder ao link http://www.radiolidador.pt/ e seleccionar "ouvir rádio".



Digam coisas!



jinhos

--
Ana Maria Costa
http://ana-maria-costa.blogspot.com
http://amantedasleituras.blogspot.com
www.livrariaamantedasleituras.com
http://eventosamantedasleituras.blogspot.com

5.8.08

Vera Carvalho


Foto Ricardo Furtado

A razão não foge ao coração


Hoje eu sei
o porquê do prazer de um raio de sol que
bate no rosto depois do aperto incontido da chuva
Sei das palavras loucas que o vento leva
para lá
das orelhas moucas
Sei o porquê
do primor das cores espalhadas nos seres e o facto
de tu já o saberes
Hoje eu sinto
a aspereza da areia que foge das mãos pela
maciez da água e percebo
porque entre terra e mar
não sobrevive mágoa
Sinto o calor arder-me na pele e o suor lamber-me a ânsia
e percebo
porque abaixo de beijos e lágrimas
há sempre um chão em redor
Hoje eu não sei
olhar não sei tocar
e não sei de tantas coisas
Mas sei o porquê do que sinto
e sei que a razão
não foge ao coração
Vera Carvalho
(para a razão do meu coração)
VERA CARVALHO

Minho actual tv