
I
Minha saudade parou
como um lago
quando nem brisa há.
E ficou a esperar, a esperar...
II
teu lago de veias
move o meu coração
o corpo
pára no lago
a brisa
espera na pele.
III
a fome espera na tarde
macia
sedenta
IV
é
na manhã
bronze
dura
lisa
que trinco os minutos.
V
lentos
como fardos, eles escorrem
e eu apenas a observar
a cena
VI
impeço com o dedo
o
embaciar do vidro
olho
o cuspo lento
da temperatura do dia.
VII
como que para retardá-lo
e pudesse [quem sabe]
sobreviver ainda
à falta tua
VIII
pára
o rio na boca do mar
e
os lábios secos
na humidade da língua
eu
não paro!
retardo-me
no vidro, corpo areia.
IX
e sigo
a alimentar-me de um fogo
fato, apenas
o leito
são mãos a permear-me
X
Bate
a marreta no peito
e
incessantemente
chispam
labaredas da boca.
XI
XI
o caos espalha-se
como que a perceber os caminho
sem que voo
XII
XII
queimo o corpo num fósforo
e
um grito dentro da garrafa
bóia
no mar de ossos.
XIII
rezo
rezo
para quem vão meus pedires
não me pergunte
eles seque saem daqui da garganta
talvez nem chore mais
rasga-se o mapa
XIV
ligo uma mangueira
dos meu olhos aos teus
siamesas
extinguimos falhas.
XV
e nos unimos
como gotas do mesmo orvalho
da mesma folha
para que na pureza
possamos conseguir a graça
XVI
XVI
abrimos o ventre do céu
entramos na luz parteira
e chupamos o mesmo dedo.
XVII
XVII
até encontrar o espaço
o regaço
a tão esperada paz
XVIII
a espera termina viva
_ na saudade!
a brisa
levanta-se da pele
o lago
mexe o corpo
e os teus olhos
levo-os
no meu cesto cheio de maçãs!
Eliana Mora e Ana Mª Costa
Eliana Mora e Ana Mª Costa
15 de Dezembro de 2006
3 comentários:
Mexe-me a saliva
em ondas
de doces sabores
por entre as margens
do teu corpo.
Umas após outras
peças de arte
sem nome
Apenas maçãs
rolando
por entre os dedos
onde se afogam
nus
os segredos
no cesto
das minhas fomes.
Carlos Luanda.
No cesto dos teus olhos
como gotas do mesmo orvalho
minha saudade parou
e eu apenas a observar
o rio na boca do mar...
Belíssimo dueto!...
... um belo dueto!
Votos de óptimo 2007!
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