26.12.06

Esta noite

(1000imagensnujosemaria)

Balanço o corpo no colo de um sofá
e alimento o rosto na argila do sangue do pântano.
Nas mãos, a paisagem ajoelha-se dentro do meu ventre.
No cais da gruta descubro o comando da melancolia e
ligo à televisão da minha janela, o sexo das tuas palavras.

A noite planto-as com laranjas.


©ana maria costa
25 de Dezembro de 2006
Comentário de um amigo do site do recantodasletras
Ana: Sei que não há "a imagem" de um poema, sei também que ela não se dá por completo, sei ainda que toda imagem "resulta de um complicado processo de organização perceptiva". Ora, no poema, ela "é uma palavra articulada" arrumada, é verdade, por vários fatores, talvez o principal, a metáfora. Neste poema, a despeito de tantas outras, acabei me detendo em "laranjas". O verso final se me parece boa síntese: a noite é fecunda. O corpo ao buscar o "repouso" exige que este ocorra alicerçado no nobre (sangue). Por isto, todo o ser é receptividade (janela); mas o "eu poético" age com plena consciência (mãos), ao mesmo tempo em que oferece a ternura, a proteção e o refúgio (ventre). Valeu!!!
Enviado por Ary Carlos Moura Cardoso em 26/12/2006 19:39para o texto"Esta noite"
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=3901

6 comentários:

Anónimo disse...

Olá Ana... Quero sim participar de seu grupo.

"Nas mãos, a paisagem ajoelha-se dentro do meu ventre."

Belo muito belo!!!

diovvani@yahoo.com.br

MontanhosoAbraçoDasMinasGerais

K. disse...

Feliz Natal!

K. disse...

Boas Festas!

Amaral disse...

Em dia de Natal, o poema de amor em formas tornadas vivas no espaço mais íntimo...
"Esta noite" ouvem-se versos feitos de palavras enleadas nas vestes imaginárias da madrugada...

Ni disse...

...
Confesso a surpresa...
...
É rara a pura poesia neste mundo dos blogs.

Já me perguntei se por receio de plágio... se por falta de asas de ousar ir... na mão das palavras que desnudam afectos.
Mas o medo é o maior inimigo do SER.
...
E tu não tens medo de derramar aqui as palavras que te escorrem da emoção para os dedos... e eu fico feliz por isso.
...

Voltarei muitas vezes, traçando entre os nenúfares do caminho, constelações de espaços entre as palavras...

Prometo sentar-me aqui, a um cantinho, em silêncio.... e não acordar nem as luas nem as laranjas...


Abraço de vento embalado.

Ni*

alice disse...

bom dia, aninhas. estou muito feliz de teres comentários activos novamente. espero que tenhas tido um excelente natal. e que dês um passo em frente para o novo ano. adorei os posts. beijinhos *****

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