10.10.07

Desafio da semana da lista de poesia "Amantedasleituras


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"Há mais cores no arco-íris do que os o lhos enxergam..."
Denilson Neves; in – "que me importa"



01


Não quero!
Simplesmente não quero!
Sei que me mentem
quando por toda a parte
a ilusão de luz que se sente
é essa ditadura das cores
que as cores impõem à gente.
Alguém sabe o que é a cor?
Não quero essa resposta
das frequências
explicadas em nanométricas inteligências.
Nem fracções de energia,
ondulatória ou pulsantes.
Não! Essa explicação é a sua armadilha
O recinto de pensamento
Onde nos encerra convencidos
que sabendo coisas das cores,
O mundo de cores está entendido.

Ilusão!

As cores não são o que são,

São o que elas querem que pensemos

quando pensando nelas o mundo prendemos

nessa jaula de cores

que pelo facto de serem as que nós vemos

ao sermos escolhidos por elas

julgamos ser elas, as que nós escolhemos.


02


Quais são as faces de um galho torto?
...o que tem por detrás da ovelha negra
como cheira a orelha de um morto?
Qual a cor da palavra sorte
O que traz comoção a voz?
O porquê do vazio no abdome...
Por que há dor ao encarar o sol?
Quais as músicas que fazem brilhar a íris
ao se sorrir em silêncio
com a visão da formação de um arco-íris?


03


coroados céus em luzes multicores
profética passagem alada imagem
nela o homem não governa
o destino que nos mortais impera
tempo não tem limite de idade
nem alma ausente verbo provir
nada detém a cor do arco íris
no trajecto supremo da vontade
equações dos céus são taças cheias...
e nossos olhos jamais atingirão
a plenitude de cores feiticeiras
se não escutar primeiro...o coração!!!


04


Um dia saberemos onde toca o teu pé, os helicópteros
andam nos céus a ver o transito. Os noticiários repetem
o arco íris dos factos dos que se aproximam, compensa
menos levar a sério o desenvolvimento económico, que
me importa saber dez vezes que vai chover na tua terra?
Nesta radiografia a ausência total de respostas fica
o corpo celeste na mata da cruz, ouve, ouve-te


05


Que me importa as cores do arco-íris!
Elas são poucas para alimentar meu ego.
O ego do poeta é insaciável;
ele mergulha nos cristais do imaginário
para buscar fragmentos marginais
e transformá-los, concretizá-los,
dar alma concreta ao que existe de belo
em cada fragmento dos fragmentos.
A humanidade é um aglomerado de fragmentos
girando no espaço terra,
em torno de si mesmo,
buscando a rota que leva à origem de tudo.
Por isso não me importa as cores do arco-íris.
Importa muito mais as cores dos olhos Amanda
que é sangue do meu sangue,
fragmento que dará continuidade à espécie,
í é o arco-íris quem arrebata
todas as tonalidades dos olhos/coração
de Amanda e outras amandas
que povoam este Planeta terra,
cheio de luzes,
cheio de arco-íris.
cheio de vida.


06


… quando enlaçados, bem juntos, comunhão intensa,
dois corpos se unem, partilhando quereres perfeitos,
esvoaçando por céus,
fazendo dos sonhos,
meus,
imaginando outras cores,
nos entregamos à voragem
da paixão que nos consome,
deixando de ser homem,
no corpo duma mulher,
nos braços que recebe
desejos que são teus,

uníssonos, em amálgama,
clímax se produz
no recesso duma cama,
objecto que se inflama,
lençóis que nos cobrem
maravilhas que vemos,
momentos que temos,
amor que se partilha,

no meio de tantos caminhos,
carícias afagos, beijos,
incontáveis torvelinhos,
montes de encantamento,
graal, cálice santo, receptáculo,
vale da criação,
sem obstáculo,

eterno feminino,
adoração,
menir gigante,
exaltação,
erectus penetrante,
entoação de encanto,
um hino,
rendidos, lado a lado, prostração,

profunda adoração,
cores que modificam,
se esvaem, intensificam,
alucinação,

confusa viagem,
magia que transforma,
sede que inebria,
noite que se faz dia,
acalmia, tão grande fome
recebendo toque divino,
formando união de facto,

conjugação dum acto
que nos seduz, reluz,
nos conduz num arco-íris
em coche feito de prata,
enxergamos coloridos mais densos,
tons de profunda luxúria,
apensos,

no gozo, na formosura,
no prazer que possuímos,
teus olhos que são meus,
nos meus que Deus me deu,
quando choramos, quando rimos,

no âmago que completa,
vida que recomeça,
prolongamento do que somos,
quando nos entregamos,
quando fomos
Deuses, num vasto Olimpo,
dois Mundos no infinito,

quase rogo, quase afirmo,
naquela entrega sem enganos,
cores tão lindas, diversas,
vários tons, tamanhos,
enxergados num curto hiato
por olhos que nunca viram,
quando riram,
choraram… sentiram!!!


07


não te projetes
nas cores
fora do pó
um engodo
como doces
desmancham-se
maya
água diluída
ao longe,
além dos olhos
apaga-se

na memória
um momento
chique


08


você vê? Que lindo é o arco!
Reparo então
na íris; dos teus olhos
sobressai essa cor brilhante; especial.
Coroação
suprema da vida; o instante similar
brilho matinal: quando
todas as cores se anulam
dançando, funda-se
- anil de mundo - até
ao cerúleo sepulcral


09


serão os sonhos
as cores do arco-íris que não vejo?
O verde grama dos olhos esperançosos,
o Urucum do sangue vivo dos marginalizados,
o azul alice da paz ?
Sinto-me adormecida
na cegueira da exactidão da Terra
e não vejo para além do vítreo.


10


não te projetes fora do pó e das uvas
se os sonhos deixaste no reino doce
da dona do mundo, princesa
das mil cores para além dos olhos
enovelado em espuma pessoal
meu vigor tocou-a, bálsamo,
o coração alegre


Índice de autores:


01 – Carlos Luanda
02 – Rosangela Aliberti
03 – Ísis
04 – José Gil
05 – JASilva
06 – Manuel Xarepe
07 – Sónia Regina
08 – Luís Monteiro da Cunha
09 – Vera Carvalho
10 – Sónia Regina

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