28.10.07

Desafio da semana de poesia da lista Amantedasleituras



Desafio da semana 36-07:
nota: todos os desafios da semana de poesia são moderados pelo amigo e Poeta Luís Monteiro da Cunha.

TEMA: "Há sempre uma forma / de mentir para uma verdade!"
Ana Mª Costa , in: " Há "


01


Fossem as flores
mananciais de amor - as cores
suas expressões.
Fossem os oceanos
lágrimas irrompidas da dor - as chuvas
o viçoso alívio dos corações.

Fossem os sorrisos
o brilho do sol – as memórias
o cintilar das estrelas.
Fosse a serenidade
o corpo estendido no lençol – o poema
fantasias espelhadas em verdade ao lê-las.

02


fossem imagens a sussurrar, a convidar
e eu as aceitaria, mesmo que o caminho
não fosse como no tempo do sonho

ficção beirando a verdade não mente

não mais do que as histórias sinceras
que contei, quando não via miragens.

03


Ah... tanto azul
para lá desse mar.
Aflito por morrer
e renascer mil vezes
e outras mil
fingir ser maior
que o morrer
e renascer
com que em ti
um novo azul intento...

04

sim há sempre a forma
um desejo um desenho
um destino
uma aurora
há sempre um dado e um canto
um parto um porto
um santo
há sempre a hora do sonho
de estar bem vivo ou morto
e na verdade
da própria somos pouco sabedores:
mentimos que foi-se a sorte
que a dor é só do poeta
que temos até - amores.


05

quando fogem os olhos dos olhos
quando disfarças com um ( não sei )
quando vestes falsa simpatia
quando receias que
outros possam tirar-te o palco da ribalta
( o umbigo fala mais que o coração)
e nele só tens a cartilha fingida da religião,
há sim! há sempre uma forma de mentir
para uma verdade que convém.
não seja a história...uma repetição
de mentiras...


06
devo mentir para salvar a humanidade
a flor de um ser humano, devo mentir
antes que a flor seja assassinada

num bosque onde dormirei a lágrima


07

Todo desejo indiscreto escondido é espelho
reflexo a ondular a alma que arde e encanta
a voz com timbre metal que fere a serenidade
onde há múltiplas formações orgânicas
plantas são regadas - gotas e novas circunstâncias
conto com a compreensão dos nós da madeira
na luz e nas trevas cheia de círculos e inverdades
em dias em que a água cai sem anunciar os estudos
a linguagem humana cheira raízes na terra
trago no corpo um vaso de flores frutos e sementes
poemas são balés nos cabelos do vento do norte
nos rios marolas se perpetuam até as ondas de sal


08
Na mesma religião o que rezamos é distinto
Na paleta das cores pintamos o mundo diferente.
Eu minto de vermelho os meus dias de amor
E tu mentes de escuro os meus dias por despeito,
Mas há que cores não se misturam na verdade do sol.


09
O sol morre todos os dias
Por todos os amantes
Que anseiam nas estrelas
O luar dos mares navegantes
No brilho dos nossos olhos
Nasce um farol de sonhos
Terno e justo de instantes

10
Quantas vezes
a bandeira da verdade
icei na minha janela
e a porta abri ao mensageiro
que supus o mais verdadeiro
porém em mim
esse eu sincero mentindo
porque toda a verdade
é uma mentira fingida
ou não fosse a vida
em cada dia surgindo
a necessidade de mentir
ao próprio sentir.


…,…


Índice de autores:


01 – Vera Carvalho
02 – Sónia Regina
03 – Carlos Luanda
04 – Eliana Mora
05 – Ísis
06 – José Gil
07 – Rosangela Aliberti
08 – Mónica Correia
09 – Luís Monteiro da Cunha
10 - Bernardete Costa

3 comentários:

Bichodeconta disse...

Que delicia, poema muito bonito, parabéns, voltarei para reler este trabalho magnifico..um abraço..ell

São disse...

Há sempre uma forma de mentir
para uma verdade
Mesmo quando a dor nos cobre
o coração
e rimos sem vontade.

Eu também gostaria de falar arco-íris!

Boa ponte.

douglas D. disse...

gostei daqui!

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