20.10.07

Análise crítica de Maria José Limeira

pintura

CIÊNCIA DOS VERSOS
Um intertexto de Francisco Coimbra & Ana Maria Costa

(Análise crítica)

Maria José Limeira

Bem, amigos, esta é a primeira vez que tento analisar
criticamente uma intertextualidade nas listas,
lembrando, contudo, que intertextualidade não é
simplesmente copiar, com outras palavras, o poema
alheio,e assiná-lo como seu. É tomar o texto de outrem
como “mote” e criar um texto novo, dentro daquele
assunto. Copiar texto alheio é plágio, apropriação
indébita, e crime que dá cadeia.
(“Intertextualidade: Na elaboração dum texto
literário, a absorção e transformação de uma
multiplicidade de outros textos.” – Dicionário Aurélio
Século XXI).
Estes textos de Francisco Coimbra e Ana Maria Costa
enfeixados sob o título geral de “Ciência dos versos”
(belíssimo título!) têm tudo a ver entre si, sem
cópiar um ao outro.
Apenas os autores tomam como base o “rio” em toda sua
pujança e verdade – e em linguagem poética a toda
prova – onde tudo é ora “riso” ora “águas correntes”,
e a palavra “rio” transforma-se, pelo menos em
Francisco Coimbra, numa brincadeira, onde o eu-lírico
é isto e/ou aquilo, ora sendo e ora deixando de ser...
Já em Ana Maria Costa, o discurso é circunspecto e
filosófico.
Em resumo: trata-se de justificar a Poesia.
Poesia aqui vira paroxismo.
Estes versos são de uma criatividade exemplar e
cumprem a verdadeira função da Poesia, onde linguagem
e sentimento se completam.
Em ambos os textos, fala-se de Poesia e da força
emotiva que a impulsiona.
No primeiro poema, o discurso é amplo, mas
“brincadeiro”.
No segundo, a autora, ao resumir o enunciado à
concisão máxima, interioriza, sem fugir do tema, o que
seu parceiro exteriorizara.
Observem, por exemplo, os elementos “rio”, “pedra”,
“mar”, “chuva”, que Francisco Coimbra usa para dar
sentido e coerência aos seus versos.
Quanto ao texto da autora Ana Maria Costa, são
“silêncio” e “alma” as forças construtivas que
orientam o discurso poético, sem perder de vista o
tema original proposto pelo outro poeta.
Gostei muitíssimo!

(Maria José Limeira é escritora e doce jornalista
democrática de João Pessoa-PB)
.............

CIÊNCIA DOS VERSOS
Francisco Coimbra / Ana Maria Costa

rio-me dos que levam a Poesia muito a sério,
rio-me sem fazer barulho...

eu que sou rio para deixar correr
as palavras rumo ao mar

rio-me como uma pedra na margem
onde é mais lenta a carícia
das águas onde me rio

de ser água e evaporar-me
de cair e ser chuva
de me infiltrar

na consciência dos versos

Abraços,
Francisco Coimbra
(Amante das Leituras)
...........

Quando choro a poesia, despejo-a de mim
para o silêncio.
Mas o peito limpo das águas
é como uma pedra vazia
que flutua na minha alma.

Ana Maria Costa
12 de Outubro de 2007

2 comentários:

jorge vicente disse...

tu mereces este comentário da maria josé limeira. este texto é belíssimo.

um grande obrigado pela partilha
jorge

DiAfonso disse...

Olá, Ana Maria!

Nem sei como te dizer da admiração de tanta plasticidade e beleza de teu blog. Parabéns! Estou adicionando o seu endereço no meu blog. Endereço para contato: diafonsoport@yahoo.com.br

Abração lusófono!

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