6.3.09

Março



Março
Morre Mãe! Abre uma cova perto da tua extinção no calendário, para que possas assistir inútil, só com um murmúrio de lágrimas, ao permitido pelo Demónio.Em Fevereiro aflige a proximidade dessa destruição. Mas sabes mãe, já não te abato mais com o que escrevo; é Março, o mês de voltar a nascer.A memória acelera para se encostar ao presente com o avançar dos dias de Março.Estou no lado da margem, perto à minha imagem retenho uma sensação inócua de que cada ano que passa algo se esquece do corpo e sobe lembrança para a mente. E depois cheira.Ri Mãe, ri! Já não alcanço a memória ou afasto as letras que te escrevo ou murmuro alto… Aumentam-me as veias nos antebraços, mais forte no direito. Tenho medo que o calendário me avarie os braços e as árvores e as flores e as aves não possam mais sair pelos dedos.Sei Mãe, talvez deva abandonar o teu corpo nas borbulhas da outra margem e camuflar o buraco que Março menciona perto da memória do calendário com uma ponte de suspiros débeis para a vida não cair enganada.
Ana Maria Costa
03.03.2009

No princípio O murmúrio passeava-se sem calendário;
ao escuro que tudo era,
berrou.
A luz obedeceu ao som ordenado:
«Lembra-te que és pó e ao pó regressas».
Impostas cinzas em Fevereiro
— o preambulo —
chora na ponta dos dedos, meigos.


Um coração de luz
nunca se apaga
— eu sei, mesmo que seja só a sabê-lo —
sou filho também
da dor
— posso eu esquecer-me disso?!!!! —


a mesma, SEMPER!


São lancinantes os momentos
atirados à terra de Março
que um ferro rasgou.


Os meus em dois efeitos
como margens do rio
nascente no coração
a fruir para o estuário da boca
pelo caminho dos olhos.


Sou nada
a nadar na dor
na mesma data.


JFernandes

4 comentários:

Amaral disse...

O teu "Março" é muito sentido e muito profundo!
Há momentos que vemos assim os nossos "marços", cheios na dor, na ternura e na certeza do amor...
O medo é a dúvida primeira e nele concentramos demasiadas emoções. Talvez na outra margem, as memórias se apaguem de novo e permitam recriar de forma mais sublime...

SAM disse...

Deixo uma singela rosa, com carinho


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Carinhoso beijo!

SAM disse...

Deixo uma singela rosa, com carinho


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Carinhoso beijo!

Anónimo disse...

Continuo a ler e a reler este imenso poema.
Março, mês do (re)nascer, da Primavera, do romper em rasgo como o sol rompe o horizonte quer abrindo-o, quer mergulhando nele e fechando-se na noite-útero da terra-mãe,
Vou ler mais vezes, tão importante o encontro.

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