8.11.07

Fogo na garganta


I

Sei-vos distantes e não é dos metros que o mar tem
É da medida da memória que tão curta é, que pequena se torna para algumas lembranças.
Memória que nos atraiçoa que nos cega com letras em brasa em vez de flores.
As caminhadas são iguais como as estações do ano! Voltam com início meio e fim e voltam, outra vez, sempre!
É a distância que o meio tem do principio ao fim que não encontro nestas memórias.

II

Sinto a garganta que me arde e não é de suplica de paixão ou de fado.
É o abismo de ecos que se esmurram nas paredes do gargalo do esófago .
Todas querem sair ao mesmo tempo evitando o filtro e a língua. Desencadeando faíscas. Ardem!
Tenho o corpo fraco de tanto vos carregar de vos ir buscar nessa distância.
Distância.
Que me leva às palavras e as palavras à leitura e a leitura à combustão na garganta.


III

Devo adormecer os dedos ou come-los mas eles passariam nas cordas vocais, tocando-as
e nova combustão acontecia….
Nada mais resta que fogo na garganta e o meio na distância.


Ana Maria Costa

4 comentários:

spring disse...

olá ana maria costa!
simplesmente belo:)
beijinhos
paula e rui lima

DE-PROPOSITO disse...

Em determinados casos 'o fogo', simboliza castigo.
Fica bem.
Felicidades.

Joana Roque Lino disse...

olá Ana Maria Costa,
Gostei muito deste teu poema.

Guilherme F. disse...

Não conhecia estas "palavras" mas gostei. Felicidades para o novo livro.
Gui

Minho actual tv