
nos arredores do hotel
São os mendigos do papel
vendedores ambulantes
famílias sem barracões
que o Poder já destruiu
Lágrimas ignoradas circulam
nos trilhos de aço da opressão
Não se curam as feridas
dos andarilhos da fome
com mercados em ascensão
Da janela da suite
de trezentos metros quadrados
o dono do mundo não ouve
choro de criança sem leite
não vê lixo nem sangue
nas decisões que toma
nem à volta do hotel
A calçada está pintada
a relva bem aparada
e a revolta bem calada
no graffiti apagado
"Caem estrelas sem brilho"
nos arredores do hotel.
Poema de Maria João Oliveira
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