Quando leres esta carta
os meus dedos não estarão cá,
andarão perdidos entre dois parágrafos.
Só letras brancas e ocas caiarão desta boca
porque falar sobre ser mulher em dez minutos
ou quinze
é a mesma coisa que lhe proibir o nascer ou
é fazê-la nascer só com uns centímetros
de carne na língua.
É o mesmo que dizer à flor
[cresce agora ou morres!
Por isso não me peças para falar
de como é ser mulher em dez ou quinze minutos
quando, na verdade, nesse tempo nem dá para construir
um sonho de uma hora ou
tempo de encontrares meus dedos no final da carta.
©Ana Maria Costa — Inédito.
देज़म्ब्रो 2008
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7 comentários:
Sem dúvida um dos melhores textos que já li. Obrigada pela maravilhosa partilha!
Grande beijo
como explicar essa indecifrável fração de ser que somos nós, menina?!
não, não macules o nosso direito ao mistério...
que bom que o seu poema nos chegou tão lindo, como sempre, como a mulher que és...
beijos...
Iara
gostei muito pode ser pouco.
Os instantes intemporais vão sempre mais além... desdobram-se noutros instantes, tornando-os distantes...
Dizer o que é ser mulher é algo que muitos sonhos não serão capazes de desvendar...
Mas, tal como a flor, deslumbra-nos contemplar o seu crescimento...
essa carta é um lindo jeito de ser eterno!
abraços poéticos...
As palavras podem expressar tudo, menos o que importa de verdade.
Lindo texto!
Obrigado por compartilhar.
Um abraço!!
Sim, gostei muito : um poema adulto.
Geraldes de Carvalho
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